Ele nasceu William de Jesus Conceição e desde criança, no Morro do Castro, mostrou talento para o desenho. Ainda na E. M. João Brasil, fez um gibi com 60 páginas, o SUPERSTARNINJAS, além de criar roupas e fantasias de Carnaval e participar de festivais de música cantando pagode. Os quadrinhos caíram na graça da professora que levou o trabalho para um irmão que trabalhava no jornal O DIA. Com apenas 12 anos, porém, não pôde ser contratado como quadrinista.
Aos 17 as criações forma levadas para a Unidos do Viradouro onde trabalhou por um tempo no atelier do Fonseca. A separação dos pais o afastou da arte entre 1998 e 2016. Com o falecimento da mãe e os irmãos crescidos, William decidiu voltar a investir na carreira e fez um Curso Técnico em Design de Interiores, no Senac Niterói. A partir de 2018 começou a fazer peças de decoração com temas afro.
Cresce um artista
O início foi tímido, mas os trabalhos ganharam proporção como peças de decoração. Um percurso lento, difícil, sem apoio familiar. Vida de artista não é fácil e desempregado, em 2019, foi convidado por um amigo que fazia figuração em novelas a acompanha-lo nas gravações. O caminho de São Gonçalo a Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, onde ocorriam as gravações da novela Gênesis, da TV Record, era feito com alegria. Ali, a convivência com artistas fez com que as postagens nas redes sociais ganhassem comentários de famosos e a aconteceu o convite para a galeria de arte Andrews.
Mas, a pandemia e o alto custo das matérias-primas levaram a dívidas e em 2021 o currículo foi levado ao Posto Marítimo, no Barreto, em Niterói.
Momento frentista
O novo emprego permitiu quitar dívidas, mas não findou com o sonho. A trajetória do artista plástico não ficou escondida entre as bombas e logo recebeu convite para uma exposição como o curador Samuel Graça, da Ícone Assessoria Artística, prontamente aceito. Mas, sem obras prontas e sem dinheiro para investir, foi a vez do patrão, Dr. Ronaldo, ajudar William com apoio e uma dispensa que propiciou essa oportunidade única de uma exposição na Barra da Tijuca.
Os colegas
“Assim que souberam dessa trajetória com as artes me deram um apoio que não tive dentro de minha família. Todo carro que ia abastecer eles comentavam sobre mim e falavam de minha arte, dizendo sempre para que eu não desistisse. Que eu era um artista e estava ali de passagem. O dono, Dr. Ronaldo, fala comigo até hoje e acompanha meu progresso. Sempre fala para eu nem pensar em parar ou desistir, que posso contar com ele e isso pra mim é muito importante. Saber que tem pessoas que acreditam no seu talento. Vou levar isso para vida toda. O encarregado Josivaldo chegou a conseguir uma matéria no jornal A Tribuna de São Gonçalo e foi um sucesso. Quando vou comprar pão, geral na comunidade do Morro do Castro me cumprimenta”, relatou William
Sonho
Hoje, aos 45 anos, o sonho de William é ter um estúdio para trabalhar e levar a cultura afro para os lares, hotéis, prédios, museus e teatros. E o artista quer mais: “Fazer exposições internacionais, fazer essa arte percorrer o mundo expor na África. Trazer a arte para dentro de minha comunidade, pois tem muitos jovens como eu que não têm oportunidade de ter acesso à arte. E não só aqui, mas em todas favelas que eu puder levar arte. Isso é minha meta meu propósito minha missão. Sonho conseguir viver da minha arte.”
O Sindicato e a categoria
Em apenas seis meses de trabalho como frentista, William lembra que não teve tempo de desfrutar os benefícios do SINPOSPETRO NITERÓI E REGIÃO. “Mas acho de suma importância para os trabalhadores dessa categoria que luta pelos direitos e dá acesso a uma melhor qualidade de vida”, finalizou William de Jesus Conceição.



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